Não é de hoje que ouvimos falar sobre a potencialidade do hidrogênio verde como recurso energético limpo, eficaz e capaz de aquecer o mercado financeiro com novos investimentos e pesquisa. Mas o que falta para essa ideia deslanchar?
Muitos ainda são os desafios para uma produção em larga escala, incluindo o desenvolvimento e substituição de tecnologia e o interesse industrial para abarcar todas essas mudanças.
E ainda, para além desses fatores, apenas uma pequena parcela na produção atual desse combustível pode, de fato, ser considerado como hidrogênio verde, ou seja, que não há produção de resíduos carbônicos durante seu processo de refino.
Saiba a mais sobre os processos de obtenção de hidrogênio, suas classificações e o potencial brasileiro para estar entre os maiores produtores do combustível verde ao acomapnhar a leitura!
O arco-íris de hidrogênio
Pode parecer estranho quando falamos em hidrogênio verde, cinza, marrom, entre outras corres que vieram para categorizar a forma de obtenção desse elemento químico.
O hidrogênio é muito instável e volátil e apesar de ser um dos elementos mais abundantes no universo, na maioria das vezes, sempre será encontrado em associação com outros elementos, que estabilizam a molécula.
Por isso, é necessário que ele seja extraído e isolado a partir de outros de compostos para que seja obtido em sua forma pura.
Mas apesar de ser um energia limpa seu processo de obtenção, a partir de determinados compostos, pode gerar uma emissão de carbono considerável. E é aqui que nasce a classificação por cores.
A escala de cores do hidrogênio incluem:
Preto e marrom: ambos são obtido pela gaseificação do carvão mineral, no entanto, o preto é refinado a partir do antracito e o outro, da hulha. Produzem uma alta pegada de carbono.
-Cinza: é produzido pela reforma do vapor de gás natural.
-Rosa: utiliza energia nuclear no processo de refino.
-Turquesa: com a pirólise do metano, o hidrogênio turquesa não produz CO2 no processo.
Em especial, a nova corrida do ouro se concentra em dois tipos de hidrogênio: verde e branco.
O hidrogênio branco é a forma pura do elemento que pode ser encontrado em reservatórios subterrâneos. Praticamente pronto para uso, sua extração é dificultada pelas opções de armazenamento e distribuição.
Além disso, apesar de haver uma prospecção de reservatórios espalhados pelo mundo, capazes de garantir um suprimento prolongado, a tecnologia de caça à essas novas minas ainda é limitada.
Já o hidrogênio verde é obtido através da utilização de fontes renováveis de energia. Em geral, a forma de extração é simples. Uma molécula de água é captada e passa por um processo de eletrólise.
A eletrólise causa a quebra da molécula separando o oxigênio do hidrogênio. Esse processo é eficiente e com baixíssima pegada de carbono, pois utiliza energias como a eólica, hidroelétrica entre outras, com baixa ou nenhuma emissão de CO2 na cadeia. Mas esse tipo de produção ainda ocorre em uma escala muito pequena.
Quais os desafios para produção em larga escala?
Como dissemos anteriormente, o hidrogênio é bastante instável e volátil, assim, seu armazenamento e transporte precisam de algumas precauções extras.
Mas especialistas da área argumentam que a tecnologia já existente e utilizada para o gás natural, seria um excelente começo para a escoação do que fosse produzido.
Outro fator influente é o custo da produção. Processos com maior emissão de carbono, como na obtenção do hidrogênio preto e marrom, demandam menor custo, pois sua extração pode ser introduzida no processo de obtenção da matéria prima.
No entanto, quando pensamos na produção do hidrogênio verde, os custos são maiores, pois a tecnologia envolvida demanda maior investimento.
Mas como o novo foco do mercado e a urgência na busca pela descarbonização dos processos industriais, o valor das operações tendem a diminuir. Havendo também a possibilidade tangível na exploração dos poços de hidrogênio branco, praticamente disponíveis para utilização imediata.
Brasil e o hidrogênio: como é a produção em nosso país?
Somos um país imensamente rico em recursos naturais, o que nos deixa na vanguarda para produção e comercialização de hidrogênio, desde que haja investimento em tecnologia e pesquisa.
Participações público privadas já visam as novas possibilidades do mercado, com planos de investimento no país para a produção em larga escala e exportação do produto brasileiro.
A exemplo, a petroquímica Unigel pretende investir em sua filial da Bahia para produção em larga escala, quiçá para exportação, do hidrogênio verde. A estimativa é de um investimento de US$ 1,5 bilhões. Outras empresas têm realizado movimentos semelhantes.
O Brasil é membro ativo de comitês de preservação ambiental, sempre prospectando o objetivo da ONU, e outras organizações, para a diminuição da pegada de carbono no mundo.
O principal objetivo é a descarbonização da indústria até 2030. Prazo apertado e quem sabe utópico.
Mas, além de manter os olhos no movimento mercadológico externo, também devemos olhar para nosso país.
Com investimento na produção de hidrogênio, nosso mercado interno também pode sofrer um aquecimento, com aumento da necessidade de mão-de-obra e a necessidade do crescimento acadêmico para abarcar a urgência no desenvolvimento de novas tecnologias.
Nosso país possui capacidade para ser uma das maiores potências no desenvolvimento de tecnologia e produção do hidrogênio verde, pois possuímos recursos naturais e humanos próprios para que isso seja possível. Devemos aproveitar a oportunidade.
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