A forma como lidamos com dinheiro dentro das famílias vem se transformando silenciosamente e não para melhor. Francisco Gonçalves Perez enfatiza que o tema “educação financeira” passou de um assunto ignorado a um verdadeiro tabu geracional. Em muitos lares, pais evitam falar de dívidas, filhos não aprendem sobre orçamento e jovens adultos repetem padrões prejudiciais por falta de orientação.
Esse silêncio cria um ciclo de desinformação que atravessa gerações. A ausência de conversas francas sobre finanças domésticas impede que habilidades básicas, como poupar, investir ou lidar com crédito sejam aprendidas na prática. Com isso, grande parte da população cresce vulnerável a armadilhas econômicas, perpetuando uma cultura de consumo impulsivo e endividamento recorrente.
Por que o dinheiro se tornou um assunto evitado dentro das famílias?
Muitos adultos ainda carregam a crença de que falar sobre finanças com filhos é impróprio, ou que isso pode gerar ansiedade. A verdade é que essa omissão tem efeito contrário: sem referências reais, os jovens desenvolvem suas noções financeiras a partir da internet, redes sociais ou vivências desconectadas da realidade familiar. Francisco Gonçalves Peres ressalta que esse bloqueio é resultado de traumas financeiros mal resolvidos, vergonha e desconhecimento.
Essa atitude de evitar o tema cria barreiras emocionais. Falar de dinheiro passa a ser visto como invasivo ou até ofensivo, dificultando diálogos que poderiam fortalecer o planejamento familiar. Muitos pais preferem esconder dívidas e dificuldades, acreditando que estão protegendo os filhos. No entanto, o que fazem é deixá-los despreparados para lidar com as mesmas situações no futuro.
Quais os impactos da ausência de educação financeira desde cedo?
A falta de instrução sobre finanças pessoais compromete decisões importantes da vida adulta. Jovens entram no mercado de trabalho sem saber administrar um salário, se endividam com cartões e empréstimos, e não conseguem construir uma reserva de emergência. Isso os torna mais suscetíveis a crises econômicas, instabilidade emocional e até à dependência familiar prolongada.

Francisco Gonçalves Peres destaca que esse cenário contribui diretamente para o aumento da inadimplência entre os mais jovens. A geração que cresceu com acesso facilitado ao crédito, mas sem base sólida de educação financeira, enfrenta agora os efeitos colaterais de um consumo desenfreado e sem planejamento. A falta de diálogo contribui para decisões impulsivas que comprometem anos de estabilidade.
Como quebrar o ciclo e transformar a cultura financeira nas famílias?
Trazer o tema para dentro de casa, com naturalidade e sem tabus, é o primeiro passo. Conversas simples sobre orçamento doméstico, custos de vida e metas financeiras ajudam a construir uma relação mais consciente com o dinheiro. Envolver adolescentes em decisões cotidianas, como fazer compras ou planejar uma viagem, pode ser mais educativo do que qualquer aula formal.
Educar financeiramente também passa por reconhecer erros e ensinar com o exemplo. Não é necessário ter uma vida financeira perfeita para compartilhar aprendizados. Para Francisco Gonçalves Perez, quanto mais cedo os jovens entenderem o valor do dinheiro e as consequências das escolhas financeiras, maiores são as chances de quebrar o ciclo de endividamento e desinformação.
Um novo olhar sobre a responsabilidade geracional
Ignorar a educação financeira como valor familiar é transferir um problema sem solução garantida para as próximas gerações. A fragilidade econômica de muitos jovens adultos não é apenas consequência de crises ou baixos salários, mas de uma base frágil construída em silêncio. Transformar essa realidade exige esforço coletivo entre famílias, escolas e instituições.
Segundo Francisco Gonçalves Peres, o combate ao tabu começa pela coragem de conversar e reconhecer que ninguém nasce sabendo lidar com dinheiro. Em tempos de instabilidade econômica e acesso ilimitado ao consumo digital, quem investe em educação financeira forma indivíduos mais preparados para os desafios da vida adulta e contribui para uma sociedade mais equilibrada.
Autor: Artem Vasiliev