Compromisso ético e responsabilidade: esses foram os pedidos do Papa Francisco para o uso das ferramentas de inteligência artificial — dias depois de ser personagem de imagens criadas com a tecnologia. Ele se manifestou na audiência anual Minerva Dialogues, que reúne cientistas, engenheiros, líderes empresariais e representantes da Igreja Católica.
Segundo ele, a tecnologia pode contribuir de forma positiva para o futuro da humanidade e não deve ser descartado. “Ao mesmo tempo, tenho certeza de que esse potencial só será concretizado se houver compromisso constante e consistente dos desenvolvedores dessas tecnologias em agir com ética e responsabilidade”, afirma.
Para o Papa, é “reconfortante” perceber que os desenvolvedores das tecnologias de inteligência artificial ainda colocam o ser humano como ponto central das ferramentas. “Elas são fundamentadas na ética e direcionadas para o bem”, aponta.
Outro aspecto abordado foi a responsabilização das fabricantes. “Será que nossas instituições são capazes de responsabilizar as empresas de tecnologia pelo impacto social e cultural de seus produtos?”, questiona o Papa. “Existe o risco de que o aumento da desigualdade possa minar nosso senso de solidariedade humana e social?”
Francisco destaca, ainda, que todas as decisões devem considerar as vidas humanas que podem ser afetadas e que essas tarefas não podem ser delegadas aos algoritmos. “Não podemos permitir que os algoritmos limitem ou condicionem o respeito pela dignidade humana”, reforça.
Coincidência?
O discurso do Papa não deixa claro se ele se referia às fotos criadas com inteligência artificial em que ele aparece de casaco longo branco. As imagens foram produzidas na plataforma Midjourney, mas levaram muitos a acreditarem que se tratavam de fotos reais. É possível que a menção sobre inteligência artificial no discurso de Francisco seja apenas coincidência.
O Vaticano informou que vai enviar uma mensagem do pontífice ao Espaço. O texto é o discurso apresentado pelo pontífice nos primeiros dias da pandemia de covid-19, ainda em março de 2020.